segunda-feira, 13 de julho de 2009

Poema extraido do site: http://www.affonsoromano.com.br/pdf/poesias/coreano.pdf

OS HOMENS AMAM A GUERRA

(fragmento apenas do poema falado no Festival "World
Peace 2005, Coréia)

“Não sei com que armas os homens lutarão
na Terceira Guerra, mas na Quarta, será a pau e
pedra” –Einstein

Os homens amam a guerra. Por isso
se armam festivos em coro e cores
para o dúbio esporte da morte.

Amam e não disfarçam.
Alardeiam esse amor nas praças,
criam manuais e escolas,
alçando bandeiras e recolhendo caixões,
entoando slogans e sepultando canções.

Os homens amam a guerra. Mas não a amam
só com a coragem do atleta
e a empáfia militar, mas com a piedosa
voz do sacerdote, que antes do combate
serve a hóstia da morte.

Foi assim na Coréia e Tróia,
na Eritréia e Angola,
na Mongólia e Argélia,
no Saara e agora.

A VIOLETA

A Rosa vermelha
Semelha
Beleza de moça vaidosa, indiscreta.
As rosas são virgens
Que em doudas vertigens
Palpitam,
Se agitam
E murcham das salas na febre inquieta.

Mas ai! Quem não sonha num trêmulo anseio
Prendê-las no seio
Saudoso o Poeta.

Camélias fulgentes,
Nitentes,
Bem como o alabastro de estátua quieta...
Primor... sem aroma!

Partida redoma!
Tesouro
Sem ouro!
Que valem sorrisos em boca indiscreta?

Perdida! Não sonha num trêmulo anseio
Prender-te no seio
Saudoso o Poeta

Bem longe da festa
Modesta
Prodígios de aroma guardando discreta
Existe da sombra,
Na Lânguida alfombra,
Medrosa,
Mimosa,
Dos anjos errantes a flor predileta

Silêncio! Consintam que em trêmulo anseio
Prendendo-a no seio
Suspire o Poeta.

Ó Filha dos ermos
Sem temos!
O casta, suave, serena Violeta
Tu és entre as flores
A flor dos amores
Que em magos
Afagos
Acalma os martírios de uma alma inquieta.

Por isso é que sonha num trêmulo anseio,
Prender-te no seio
Saudoso o Poeta!...

Castro Alves

A luz que queima


Foi-se a luz do amanhecer
Na escuridão do entardecer
Com toda nostalgia
Das lembranças do seu ser
Numa tarde fria
Nevoeiro, serração, breu, devassidão
A sombra de minha alma
Reflete o meu desejo
De ver a sua sombra
E sentir o seu calor

A luz queima
E a chama acessa sobre a mesa
Se apagou.

Onze anos sem você.

Parece que foi ontem
A noite inacabada
A notícia não escutada
E o telefone não tocado.
A perda da segurança
O sacrifício da identidade
A certeza de que terminou
A morte nós separou!

Até parece que foi ontem
O sofrimento eterno da perda
O amor confesso não dito
O gemido sussurrado no ouvido
O perfume das flores no seu planto
O choro inacabado de seus entes
O adeus sem data pra voltar
Apenas hora de partida.

Quem sabe foi mesmo ontem
Numa eternidade de lembranças
Com a certeza de que terminou
Com as lamurias do tempo que se esgotou
Sem tempo para se lamentar
Por palavras não ditas
De carinho, de amor, de orgulho...

São onze anos sem sua palavra
Sem seu afeto, sem seu amor
São onze anos sem sua sombra
Sem seu abraço, sem seu calor
São onze anos sem você: PAI.




Ricardo Muzafir – 13/06/2009